00confirma

1.10.06

Mickey vai votar

30.9.06

Manifestação no Centro de Porto Alegre

Making of 00Confirma

27.9.06

Operação na madrugada

26.9.06

00Confirma na mídia

Fonte: Jornal Já

25.9.06

Fotos de Domingo

24.9.06

Mobilização de guerra

Vídeo sobre o final de semana de mobilização Voto Nulo aqui em Porto Alegre. Mostra dois momentos principais: no sábado, participação em programa de rádio AM, transmitido para todo o Estado e para o mundo através da internet; domingo, ação realizada no Brique da Redenção, em Porto Alegre, com a distribuição de 10 mil flyers, adesivos e MUITA conversa com os porto-alegrenses.

Nesse momento estamos todos cansados, mas cientes de que não somos as mesmas pessoas de algumas horas atrás. Crescemos com tudo o que aconteceu no final de semana e isso é só o começo. Keep in touch.

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O Paradigma do Voto Nulo



FATOS

Dia 0: 28 de agosto de 2006
A maior autoridade eleitoral brasileira, o ministro do TSE Marco Aurélio Mello, afirma ao vivo no programa Roda Viva (TV Cultura) que 50% de votos nulos ou brancos anulam sim uma eleição (ele fala em insubisistência do pleito), mas ele não aconselha as pessoas a fazerem isso.

Dia 6: 03 de setembro de 2006
Uma semana depois coloquei no You Tube (http://www.youtube.com/watch?v=aJugkp5W2D4) a tal gravação que finalmente chancelava a anulação do pleito caso se manifestasse de livre espontânea vontade do cidadão brasileiro anular o seu voto, digitando o número de um candidato inexistente na urna eletrônica em protesto e confirmando o seu voto nulo.

Dia 9: 06 de setembro de 2006
Dez dias depois de ter dado a declaração no Roda Viva, o sr. ministro vai estudar um pouco melhor e dezdiz para a Folha de São Paulo o que disse, como cobriu (de forma não “ao vivo” como quando da declaração, portanto de forma editada) a Folha de São Paulo com a seguinte matéria: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u82610.shtml,

Vale a pena copiar o primeiro trecho da matéria, um extraordinário exemplo de LEAD jornalístico:

“O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, debelou de vez um mito que circula há meses na internet: o de que as eleições para deputados federais ou estaduais seriam anuladas no caso de mais da metade dos votos serem nulos. Segundo o ministro, não há lei que contenha essa determinação. A regra também inexiste na Constituição”.

Realmente parece não haver saída institucional para a população manifestar seu descontentamento com o sistema político e seus mantenedores nesse país. Precisamos continuar a aceitar que a única opção que temos é escolher as pessoas.

Nós não queremos escolher pessoas, mas as coisas. Simples assim. Será que a gente vai continuar perdendo para as formigas no conceito "democracia"?

23.9.06

A DEMOCRACIA DAS FORMIGAS
Revista Superinteressante, janeiro de 2001

Nestes dias que correm, em que até nos Estados Unidos ninguém sabe quem é que manda, a humanidade está precisando de um bom modelo de democracia. Talvez seja o caso de começar a procurar pelo chão. Veja aquela fila de formigas, andando organizadamente, sem atropelos, trabalhando pelo bem comum. O cidadão desinformado pode até pensar que, por trás dessa ordem toda, há algum tirano, algum ditador dizendo aos insetos oprimidos o que fazer. Nada mais longe da verdade. “Entre as formigas, ninguém manda em ninguém”, afirma a entomologista Deborah Gordon, que, há 17 anos, acorda todas as manhãs, veste chapéu, botas e calças compridas, e se agacha sob o sol do Arizona para passar o dia observando formiguinhas.

Deborah é autora do recém-lançado livro Ants at Work (Formigas Trabalhando), ainda inédito no Brasil, no qual procura desmentir a idéia corrente de que a sociedade desses insetos é um tipo de monarquia absolutista. Pegue o caso da rainha, por exemplo. Apesar do imponente título de nobreza que os biólogos lhe conferiram, ela manda menos no formigueiro que Elizabeth II na Inglaterra. E trabalha muito mais. A coitada passa a vida presa num quarto escuro do formigueiro pondo ovos sem parar. E claro que tem algumas mordomias - está sempre cercada por uma escolta de soldadas vigilantes e as operárias nunca deixam que lhe falte comida -, mas isso é mais uma compensação pela vida miserável que ela leva do que uma regalia vinculada a seu sangue azul. E a rainha não dá ordens para ninguém, cada formiga simplesmente sabe o que tem que fazer pelo bem da comunidade, sem precisar de um chefe. E um trabalho tão sincronizado e organizado que é quase como se as formigas fossem células de um grande organismo: o formigueiro.

Há, por exemplo, as que se aventuram para fora do formigueiro. São operárias especializadas em buscar comida. Se você olhar de perto para uma delas enquanto sobe numa folha, verá como ela usa a mandíbula, que mais parece uma tesoura, para picotar o vegetal. Em seguida, suas patas ágeis seguram com força o pedaço e o guardam numa bolsinha na barriga, chamada gáster, que lembra a dos cangurus. Com a mesma tesoura, ela pega outra folha e a coloca nas costas, para aproveitar a viagem. E corre para a fila de volta para casa.

No caminho, as operárias esfregam a barriga no chão, deixando um rastro com o cheiro da colônia a que pertencem, para que ela mesma e as companheiras não se percam. Formigas não falam, mas os feromônios, que são as substâncias que carregam odores, substituem com eficiência as palavras. No caminho para o formigueiro, a operária pára na frente de outra formiga. As duas esfregam suas sensíveis anteninhas e, pelo cheiro, percebem que são da mesma colônia. Antes de seguir em frente, a operária divide um pouco da folha que leva para casa e avisa, com outro feromônio: “Ali na frente tem algo que nos interessa”.

Mas, se você acha que conhece as formigas apenas de olhar as que passeiam por aí, está redondamente enganado. “Apenas 10% da população sai para buscar comida. As outras 90% ficam na colônia o tempo todo”, diz a pesquisadora Ana Eugênia de Campos Farinha, do Instituto Biológico de São Paulo. E que, em casa, todas juntas, elas conseguem se defender. Lá fora, espalhadas em frágeis batalhões, as pequenas são presas fáceis para predadores famintos como tamanduás, lagartos e besouros.

Portanto, para entender mesmo como são esses insetos, o ideal é seguir a fila e entrar com uma delas pelo buraco do formigueiro. Logo abaixo do nível do solo há uma multidão de formigas, umas indo, outras vindo. Nenhuma pára para dar passagem, elas simplesmente sobem umas nas outras sem se incomodar em pedir licença (não, não há um feromônio para isso). Começam a surgir bifurcações, ruas mais largas, que dão em grandes buracos, cheios de larvas. Lá há mais funcionárias dedicadas.

Algumas passam o dia lambendo e manipulando, com as patinhas, as larvas das futuras formiguinhas que vão nascer. Também são operárias, mas trabalham como babás: ai de quem chegar perto sem o cheiro certo (que funciona como um crachá). Quando o quarto onde estão os futuros bebês fica muito quente, elas se organizam e abrem novos dutos de ar condicionado, zanzando pelo meio da terra para que o ar circule.

Em algumas espécies de formigas, como as saúvas, esses berçários são freqüentados também pelas cortadeiras, operárias especializadas em picar as folhinhas que as coletoras trazem. As maiores delas dividem, com as mandíbulas-tesouras, os grandes pedaços de folha em várias pequenas partes. Daí chega uma formiga menor, que corta cada pedaço em pedacinhos. E assim por diante, como se fossem as enzimas do nosso sistema digestivo quebrando os alimentos em pequenos componentes. Uma perfeita linha de (des)montagem. Até que sobram fragmentos vegetais tão minúsculos que podem ser absorvidos pelas larvas.

As folhas picotadas servem também de adubo para os fungos que crescem nos berçários. “As formigas podem ser consideradas as verdadeiras inventoras da agricultura”, afirma a ecóloga Flávia Medeiros, especialista em comportamento de formigas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Não é exagero. Há operárias no formigueiro que cultivam uma horta de fungos e depois colhem para alimentar a colônia inteira.

Comida é importante, mas não é tudo. Para que um formigueiro funcione, vários tipos de formigas precisam trabalhar, cada uma fazendo o que sabe sem ambicionar uma promoção ou invejar o emprego alheio. Há, por exemplo, as faxineiras, que alegremente levam cada resíduo de comida ou de larvas para algum porão vazio nas fronteiras do formigueiro, onde as bactérias que o lixo atrai não são ameaça para ninguém. Outras limitam-se à tarefa burocrática de organizar estoques de comida, cuidando para que não falte nada e decidindo o que deve ser consumido antes. Há algumas ainda mais especializadas: passam a vida a quebrar sementes ou a cavar túneis. “Sozinhas as formigas não são nada. Sua sociedade é o exemplo perfeito de como várias partes simples podem executar tarefas elaboradas juntas”, afirma Deborah, que gosta de comparar o formigueiro a um cérebro. Em ambos os casos, um componente isolado - formiga ou neurônio - é incapaz de grandes feitos. Mas o conjunto impressiona pela eficiência e pela complexidade.

O engraçado é que uma única formiga, assim como um único neurônio, não faz idéia de que seja parte de algo tão complicado. “Essa é uma das mais recentes e incríveis descobertas sobre as colônias”, diz Deborah. “As formigas só percebem as companheiras mais próximas. Nem sabem o tamanho de seu formigueiro.” Ou seja, uma cidadã do maior formigueiro do mundo, que fica na ilha de Hokaido, Japão, e abriga, em seus três quilômetros quadrados, 300 milhões de operárias e 80 000 rainhas, nem imagina que sua casa é diferente de uma colônia do gênero amblyotoni, a menor do mundo com apenas 12 habitantes, encontrada na Austrália.

Falando de recordes, toque o hino: a maior formiga do planeta é brasileira. Trata-se da tocandira, que habita o Estado de Goiás. Ela mede 4 centímetros e tem uma ferroada tão doída que virou rito de passagem para índios locais: “Quando o menino se tornava um guerreiro, era obrigado a colocar a mão numa luva cheia de tocandiras”, diz Ana Eugênia.

Quando a família cresce demais, a comida acaba na região, alguma bactéria indesejada contamina o formigueiro, ou rivais mais fortes ou mais numerosas tomam posse da vizinhança, é hora de arrumar as malas e mudar de casa. As soldadas comunicam a rainha, procuram um novo lugar debaixo da terra e organizam a mudança e o transporte do estoque de comida. As adultas carregam as pequenas nas costas e, com muito cuidado, levam a rainha e as larvas quando a nova casa está segura.

Uma espécie que entende de mudanças é a mexicana correição, que não tem olhos. Apesar da cegueira, elas são estrategistas incríveis
- uma sabe onde a outra está apenas pelo cheiro. Como num arrastão carioca, se dividem com precisão geométrica, varrendo o terreno sem deixar um milímetro descoberto. No caminho, vão devorando tudo o que encontram. Quando cansam, fazem uma roda e colocam a rainha e as larvas no centro. Depois sobem umas nas outras entrelaçando as pernas e formam um globo para protegê-las de ameaças aladas. Quando desmontam o acampamento, escolhem outra direção e dão prosseguimento à vida nômade. Tudo isso sem ninguém para dar as ordens.

Pois é. Temos muito o que aprender com as formigas, não só no que se refere ao trabalho em equipe, mas também em termos de técnicas agrícolas, distribuição da comida, sistema político e cuidados ambientais. Quem sabe, com a ajuda delas, não possamos nos tornar mais civilizados?
NUMA DEMOCRACIA FALSA, TODO VOTO É NULO

A democracia Brasileira, com seu sistema representativo e partidário, já não cumpre com a tarefa de ser democracia. Os pré-requisitos democráticos enunciados por grandes defensores da democracia, como Platão, Aristóteles, Péricles, John Locke, Thomas Hobbes, Jean Jacques Rousseau, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln, entre outros, já não são cumpridos, e o povo brasileiro está refém de um governo oligárquico, com a ilusão de poder construir o próprio destino através do voto. Porém, o que está começando a ficar claro para o povo, que recebe suas informações desta mesma oligarquia, é que os candidatos não representam alternativas a escolher, mas a mesma oligarquia que nos engana há anos.

O sistema democrático que prevalece no mundo de hoje é o representativo, pois o sistema de democracia participativa, onde o povo interfere diretamente nas leis e na justiça, nunca teve uma oportunidade de desenvolver-se. Em todos os momentos históricos contemporâneos onde se tentou a aplicação do verdadeiro poder popular e democrático, como as Revoluções Francesa, Russa e Espanhola, as organizações de base foram simplesmente esmagadas pelas forças organizadas dos poderes instituídos e centralizados, fossem eles de esquerda, centro ou direita. Em síntese, a conclusão é simples: o poder, quando concentrado e centralizado, inevitavelmente corrompe aqueles que o detêm. Historicamente, sempre há um enorme esforço na manutenção deste poder por parte dos seus portadores. Leiam o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell – ele trata exatamente sobre isso, e é leitura obrigatória para quem realmente deseja um mundo melhor para todos.

Para que uma democracia funcione há inúmeras sugestões por parte de grandes pensadores que se manifestaram ao longo da conturbada trajetória das civilizações humanas. Assim, é engraçado o fato de que pouco se discute qualquer alternativa ao sistema atual. Observe que a grande mídia evita debater qualquer assunto que venha a balançar os alicerces do sistema instituído. Aliás, como comentamos antes, a quem interessa mudar o sistema atual? Aos políticos e governantes? Às grandes redes de comunicação que controlam o quarto poder? Aos bem remunerados juízes encastelados em seus luxuosos tribunais? Aparentemente, para os donos dos quatro poderes, a situação está deveras confortável. Mas quem realmente escreve e decreta as normas e regras deste pacto injusto? Nós, os supostos patrões? Ou aqueles a quem interessa a manutenção desta fórmula viciada?

Aristóteles dizia que uma democracia estável requer uma grande classe média para minimizar os antagonismos entre ricos e pobres. A ausência de classe média favorece o oligarquismo, o poder nas mãos de uma minoria. Aristóteles também dizia que uma pessoa não deve poder ter dois mandatos, para que as estruturas de poder não se firmem, e o poder fique na sociedade como um todo. Aristóteles viveu entre os anos de 384 a.C. a 322 a.C., ou seja, somente 2300 anos atrás. Por que admiramos Aristóteles, mas não damos ouvidos ao que ele disse? Ou, quem sabe, ainda não tivemos tempo para entendê-lo, pois as sugestões dele são aparentemente ignoradas, principalmente aqui no Brasil.

Segundo o pensador John Locke, a democracia representativa nasce de um contrato social onde cada cidadão cede seus direitos de decisão a uma pessoa eleita pela maioria, que deve redistribuir os direitos e deveres, sustentando a estrutura do estado e a constituição que o funda. Observe que, no Brasil, milhões de brasileiros estão fora deste contrato, pois a redistribuição dos direitos e deveres não é igualitária, não existe igualdade de tratamento de ricos e pobres pela justiça ou pelo legislativo. Poderia se dizer, portanto, que o governo brasileiro rompeu o contrato: não proporciona a igualdade.

A democracia brasileira não existe mais, tornou-se oligarquia, governo de poucos empresários e controladores de mídias de massa. John Locke também diz que em algumas circunstâncias o povo tem o direito, até a obrigação moral, de depor um governo corrupto!

John Dewey colocou que uma democracia depende de uma imprensa livre, da livre circulação de informações. No Brasil a imprensa é propriedade privada, e jornalistas com pensamento independente são perseguidos. O próprio Estado persegue jornalistas que fazem uso da liberdade de expressão (vide a perseguição da justiça ao jornalista Lúcio Flávio Pinto, no Pará, por ter chamado o maio grileiro do Brasil de “pirata” – em agosto/setembro de 2006). Também se pode lembrar do jornalista Bóris Casoy que recentemente foi demitido da Record por criticar o governo atual.

Assim, se as informações e a imprensa são controladas por uma oligarquia, e os votos são dados de acordo com o teatro encenado na mídia, a decisão do voto não é real. A eleição perde o seu significado e passa a ser um ritual de perpetuação da desigualdade e da injustiça social. A percepção de estar escolhendo o próprio futuro através do voto nessas circunstâncias é uma ilusão. Nesse contexto, onde o voto não atende às condições de liberdade e democracia, qualquer voto é nulo.

Segundo Platão, um dos pais da democracia, a participação popular é a base de toda democracia. No nosso caso, o povo cede os seus direitos a um governo eleito a cada quatro anos e se desliga da política. O povo precisa reassumir um papel ativo na política participando do processo democrático, das instituições, das decisões, precisa fiscalizar as ações dos seus representantes, precisa cobrar o direito de informações isentas de partidarismos que já não interessam mais aos necessitados. Precisa mostrar seu descontentamento e a prontidão para reagir, tomar o poder que é seu, e, com um novo pacto social, buscar a justiça social que a democracia deveria proporcionar.